Estamos em São Luís do Maranhão, e o objetivo aqui é falar de artistas, escritores, personalidades que fazem e fizeram parte da história desta cidade cheia de encantos e magias. Então como não falar desta personalidade que é lembrada até hoje ?
Diferentimente do que muitas fontes apontam de que não existem registros exatos do nascimento desta escrava, em uma visita ao arquivo público de São Luís encontrei seu documento de batismo onde informa que Adelina nasceu em São Luís do Maranhão, por volta do século XIX, ou seja mais precisamente no dia 07 de abril de 1859, foi batizada em 27 de novembro de 1859 pelo reverendo Antonio Francelino de Abreu e seus padrinhos Manuel Joaquim da Fonseca e dona Maria Magdalena Henriques Viana. Adelina foi escravizada, assim como sua mãe, que era conhecida como “Boca da Noite” mas o seu nome era Josepha Tereza da Silva. As mesmas fontes falam que as duas tinham um tratamento diferenciado dos outros escravos .

Seu pai era um rico senhor e sendo filha dele recebeu a promessa de ser libertada ao fazer 17 anos, promessa que não foi cumprida e Adelina continuou sendo escrava de seu próprio pai que atendia pelo nome de João Francisco da Luz, Apesar de ser escrava, ela sabia ler e escrever, o que era incomum.
O pai dela empobreceu e passou a fabricar charutos e a partir daí Adelina passou a ser a encarregada das vendas. Duas vezes ao dia, ela ia para cidade e passava de bar em bar vendendo vários charutos, além de vender avulso para quem passava. Os estudantes do Liceu eram seus clientes e por isso, ela sempre passava no Largo do Carmo e assistia a comícios abolicionistas promovidos pelos estudantes. A partir daí, ela passou a ser uma frequentadora assídua de manifestações em prol da abolição da escravatura.
O conhecimento de Adelina sobre a cidade, sua facilidade de transitar por ela e sua rede de relações conquistada através da venda de charutos foi um trunfo para a luta abolicionista. Afinal, isso possibilitava que os ativistas antecipassem ações da polícia com a ajuda das informações que ela coletava e o seu conhecimento da cidade e também que articulassem, mais facilmente, fugas de escravos. Adelina se envolveu diretamente em algumas fugas, entre elas, a da Esperança, que fugiu para o Ceará.
Até onde se sabe não existem registros fotográficos desta escrava que virou um ícone e sinônimo de força contra a opressão da época e as fotos apresentadas são idéias de como talvez ela seria.
Adelina é um nome pouco conhecido, mas ela não deixa de ser notável por isso. Ela é mais uma mulher negra que lutou contra a escravidão e que teve seu nome invisibilizado na história por causa do sexismo e do racismo.
Particularmente ao meu ver Adelina charuteira é o verdadeiro retrato de luta por seus direitos numa época onde o negro nao tinha vez e muito menos voz, da mulher a frente de seu tempo e que com muita força de vontade ela se fez destacar perante muitos por isso é que pessoas como ela jamais devem ser esquecidas .
Fonte: Dicionário das Mulheres do Brasil – de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado. Organizado por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil.
Arquivo Público de São Luís
Por Carllos Fênix .