sexta-feira, 3 de abril de 2020

  1. Alcione Dias Nazareth nasceu em São Luís do Maranhão no dia 21 de novembro de 1947. O nome de batismo foi ideia do pai, inspirado na personagem Alcíone, a protagonista do romance espírita Renúnciapsicografado por Chico Xavier. Ela é a quarta dos nove irmãos: Wilson, João Carlos, Ubiratan, Alcione, Ribamar, Jofel, Ivone, Maria Helena e Solange. Alcione tem mais nove irmãos que seu pai teve com outras mulheres. Sua mãe chegou a amamentar algumas dessas crianças, por considerar que as crianças não poderiam ser culpadas pelas traições do marido.[3]
    Desde pequena, graças ao pai policial e integrante da banda de sua corporação, João Carlos Dias Nazareth, inserida no meio musical maranhense, Alcione fez sua primeira apresentação já aos doze anos. O pai foi mestre da banda da Polícia Militar do Maranhão e professor de música. Além disso, foi compositor e entusiasta do bumba-meu-boi, folguedo típico da capital maranhense. Foi ele quem lhe ensinou, ainda cedo, a tocar diversos instrumentos de sopro, como o trompete e clarinete que começou a praticar aos nove anos.
    Com essa idade, tocava e cantava em festas de amigos e familiares, e na Queimação de Palhinha da festa do Divino Espírito Santo. Sua mãe, Filipa Teles Rodrigues, entretanto, guardava o desejo de que a filha aprendesse a tocar acordeão ou piano. Não queria que Alcione aprendesse a tocar instrumentos de sopro temendo que a filha ficasse tuberculosa, crendice comum à época.
    Sua primeira apresentação profissional foi aos 12 anos, na Orquestra Jazz Guarani, regida por seu pai. Certa noite, o crooner da orquestra ficou rouco, sendo substituído pela menina. Na ocasião, cantou a canção "Pombinha Branca" e o fado "Ai, Mouraria".
    Alcione afirmou que seu pai era "bom homem" e incentivava as filhas a serem independentes desde muito cedo, a nunca obedecerem homem nenhum, além de lhes ensinar valores morais rígidos.[3] Aos 18 anos de idade formou-se como professora primária na Escola de Curso Normal. Lecionou por dois anos, quando foi demitida aos 20 anos, por ensinar a seus alunos como se tocava trompete, que seu pai lhe ensinou quando pequena, querendo passar o aprendizado que recebeu, mas isso não agradou a direção da escola, que na época era muito rígida.[3]

    Alcione, 1970. Arquivo Nacional.
    Após a demissão, continuou a dedicar-se à música, e dessa vez de forma mais intensa e exclusiva. Conseguiu uma vaga em um sorteio e apresentou-se na TV do Maranhão. Ficou fixa na TV, apresentando-se lá nos anos 1960 até o início dos anos 1970 e além de cantar na TV, também cantava em bares e boates em várias cidades do Maranhão. Querendo alcançar rumos maiores, Alcione mudou-se para o Rio de Janeiro em 1972.
    Não conhecia nada no Rio e quem lhe ajudou a se estabelecer foi seu amigo, o cantor Everaldo. Com ajuda dele também, Alcione começou cantando na noite, onde Everardo lhe apresentou as boates e bares da cidade. Ensaiava no Little Club, boate situada no conhecido Beco das Garrafas, reduto histórico do nascimento da bossa nova, em Copacabana. Cantou também em boates como Barroco, Bacarat, Holiday e Bolero.
    Começou a se inscrever em programas de calouros, e foi sendo chamada para se apresentar. Venceu as duas primeiras eliminatórias do programa A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti. Nessa mesma época, conheceu a famosa TV Excelsior. Se inscreveu e conseguiu fazer um teste de voz, e passou com boa colocação. Assinou o primeiro contrato profissional com essa TV, apresentando-se no programa Sendas do Sucesso.
    Depois de seis meses na emissora, realizou turnê por quatro meses pela América Latina, sendo a primeira vez que saiu do Brasil. Após ter feito excursão também por países da América do Sul, recebeu proposta de turnê na Itália, e assim morou na Europa por dois anos. Voltou ao Brasil em 1972.
    Em 2007 Alcione interpretou a cantora americana Lady Brown, na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes, na Rede Globo.[4]
    Em 2015, canta "Juízo Final" na abertura da novela da Rede GloboA Regra do Jogo[5]

    Carnaval[editar | editar código-fonte]

    Alcione visitou a quadra da Mangueira pela primeira vez em 1974 e logo foi convidada a desfilar. Na concentração, a ausência de um destaque levou a bela estreante ao alto de um carro alegórico. Desde então, a cantora é membro destacado da escola. [6]Em 1987, participou da fundação da escola de samba mirim Mangueira do Amanhã, e hoje é presidente de honra do grupo.[7]
    Em 1989 foi homenageada pela escola de samba Independentes de Cordovil, no então chamado grupo 2, a segunda divisão do Carnaval carioca, com o enredo "Marrom som Brasil".[8] Posteriormente, em 1994 foi novamente homenageada pela tradicional Unidos da Ponte, desta vez no grupo especial do Carnaval carioca, como enredo "Marrom da cor do samba".[9] Em 2018, a tradicional escola de samba Mocidade Alegre (SP), homenageou os 70 anos de vida e os 45 anos de carreira de Alcione, com o enredo "A voz marrom que não deixa o samba morrer".
    Alcione já interpretou sambas de exaltação às escolas de samba: Estação Primeira de Mangueira, Mocidade Independente de Padre Miguel, Imperatriz Leopoldinense, União da Ilha do Governador, Beija-flor de Nilópolis e Portela.[10]

    Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

    Alcione nunca se casou oficialmente, apenas teve muitos namorados. Diz que não quer mais dividir a mesma casa com um namorado e diz que até os dias atuais ainda namora e sai com os homens que lhe despertam interesse.[3] Ao decidir ter um filho, descobriu que não poderia ser mãe. Tentou tratamentos laboratoriais, como inseminação, além de operações espirituais, mas não obteve êxito em nenhuma tentativa.[1][11]
    Contraiu uma doença na garganta e nas cordas vocais que só lhe daria mais um ano para poder cantar. Para tentar reverter o quadro, operou espiritualmente em um centro kardecista com Dr. Fritz, uma entidade espiritual. Seguiu o ritual e ficou calada por três dias, após a cirurgia. Surpreendendo os médicos, Alcione se curou e poderia cantar sem restrições, como sempre fez.[11]
    Afirma não beber mais e nunca ter fumado, e que foi criada no catolicismo, mas diz que desde a cura de sua garganta se tornou kardecista.[1] Agradece a Deus pelo dom de cantar, já que nunca fez aula de canto.[12]

    Discografia[editar | editar código-fonte]

    Ver artigo principal: Discografia de Alcione

    Alcione durante espetáculo no Clube Português, no Recife, em 28 de maio de 2011

    Filmografia[editar | editar código-fonte]

    TítuloAnoComo:Emissora
    Por Amor1997Ela mesmaRede Globo
    Amazônia, de Galvez a Chico Mendes2007Lady Brown
    Zorra Total2011Ela mesma
    Cheias de Charme2012Ela mesma
    Salve Jorge2013Ela mesma
    Mister Brau2015Tia Marizilda
    A Força do Querer2017Ela mesma

    Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

    Grammy Latino[editar | editar código-fonte]

    AnoCategoriaIndicaçãoResultado
    2000Melhor Álbum de Samba/PagodeClaridadeIndicado
    2003Melhor Álbum de Samba/PagodeAo VivoVenceu
    2006Melhor Álbum de Samba/PagodeUma Nova Paixão - Ao VivoIndicado
    2010Melhor Álbum de Samba/PagodeAcesaIndicado
    2012Melhor Álbum de Samba/PagodeDuas Faces: Ao Vivo na MangueiraIndicado
    2015Melhor Álbum de Samba/PagodeEterna Alegria - Ao VivoIndicado

    Prêmio da Música Brasileira[editar | editar código-fonte]

    AnoCategoriaIndicaçãoResultado
    2015Melhor Cantora de Samba[13]AlcioneVenceu

    Prêmio Contigo! MPB FM[editar | editar código-fonte]

    AnoCategoriaIndicaçãoResultado
    2012Melhor Álbum de SambaDuas Faces: Ao Vivo na MangueiraIndicado
    Melhor CantoraAlcioneIndicado
    2013Melhor Álbum de SambaEterna AlegriaIndicado
    Melhor CantoraAlcioneIndicado
    2014Melhor CantoraAlcioneIndicado

    Troféu Imprensa[editar | editar código-fonte]

    AnoCategoriaIndicaçãoResultado
    2003Melhor CantoraAlcioneIndicado

    Referências

     

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